Longevidade feminina e produtividade

Matéria publicada no site Alpha Origin.

Matéria escrita por Lasse Koivisto, mentor de liderança, bem-estar e saúde mental na Learn to Fly.

Passou o dia 8 de março e algumas análises precisam ser compartilhadas. As mulheres vivem mais do que os homens, mas esse ‘lifespan’ maior não é um mar de rosas. Enquanto os dados mostram que elas superam os homens em expectativa de vida, também revelam que passam 25% mais tempo vivendo em condição de saúde precária.

Historicamente a saúde feminina tem sido negligenciada em pesquisa, investimento e tratamento. O resultado? Uma brecha de saúde que não só compromete a qualidade de vida das mulheres, mas também afeta a economia global.

Lá em 2022 no HLTH, talvez o melhor evento global de inovação na saúde, o grande tema era sobre a importância de pesquisas mais inclusivas, ou seja, nas quais as pessoas chamadas para fazer parte dos estudos fossem mais mulheres e pessoas de outras origens. 

As pessoas não são iguais. Aqui no Brasil sabemos bem disso, por conta de um outro paralelo. Enquanto existem dezenas de estudos sobre o potencial benéfico da Blueberry, dificilmente vemos um estudo sobre a Jaboticaba. 

Nesse contexto, o Fórum Econômico Mundial divulgou um estudo importante: se reduzíssemos essa desigualdade de saúde feminina, poderíamos adicionar US$ 400 bilhões ao PIB global até 2040. Isso não é apenas uma questão de direitos humanos, mas é também uma oportunidade econômica gigantesca.

A saúde da mulher como alavanca econômica

A análise do Fórum aponta que nove condições de saúde são responsáveis por 35% da carga global de doenças femininas. Entre elas:

Doenças cardiovasculares: 

Mulheres têm maior risco de morte por eventos cardiovasculares agudos do que os homens, mas recebem menos tratamentos preventivos e intervenções.

Câncer de colo do útero e mama

A falta de acesso à rastreamento e tratamento precoce impacta milhões de vidas, especialmente em países de baixa renda.

Menopausa e síndrome pré-menstrual (PMS)

Enquanto sintomas debilitantes reduzem produtividade e qualidade de vida, os investimentos em pesquisa e tratamento permanecem irrisórios. 

Endometriose

Afeta mais de 190 milhões de mulheres no mundo, causando dores crônicas e infertilidade, mas segue sendo subdiagnosticada e negligenciada. O mês de Março (Amarelo) é inclusive o mês da conscientização sobre a Endometriose.

Abordar esses problemas pode adicionar anos saudáveis à vida das mulheres (healthspan), melhorar a produtividade global e reduzir os custos com saúde pública. Mas, para isso, é preciso mudar nossa abordagem.

Soluções urgentes para um problema sistêmico

O mesmo estudo destaca cinco ações fundamentais para reverter esse cenário:

  • Contabilizar as mulheres: Melhorar a coleta de dados específicos sobre doenças femininas.

  • Estudar as mulheres: Investir em pesquisas clínicas que levem em conta diferenças biológicas entre os sexos. Uma das palestras do Hevolution 2025 foi sobre isso. As diferenças podem nos ensinar muito.

  • Cuidar das mulheres: Redesenhar sistemas de saúde para tratar condições que afetam desproporcionalmente as mulheres.

  • Investir em mulheres: Aumentar o financiamento para pesquisas e inovações voltadas à saúde feminina.

  • Incluir mulheres: Garantir que políticas de saúde sejam desenhadas com a participação ativa das próprias mulheres.

O impacto econômico e social dessas mudanças é potencial enorme. Governos, empresas e instituições acadêmicas precisam encarar a saúde feminina como um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável.

Como já sabemos, Longevidade não se trata apenas de viver mais, mas principalmente de viver melhor. Corrigir essa desigualdade é um passo essencial para um futuro mais justo, próspero e saudável para todos.

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